jeudi 11 mars 2010

Persepolis



PERSEPOLIS é um filme de animação baseado no livro (HQ) de Marjane Satrapi, na verdade esta adaptação para o cinema é também dela em colaboração com Vincent Parronnaud. Infelizmente ainda não tenho o livro, já o namorei várias vezes nas livrarias, mas nunca comprei.

Este filme foi um presente (assim como muitos outros filmes e livros e caixinhas e....) dos meus amigos Leo e Dani do Quebecoando que partiram para a vida de imigrante no Quebec. E foi triste a despedida. Trabalho ingrato o meu, tenho que preparar os alunos para imigrarem, torcer para que tudo dê certo, fazer da melhor forma o meu trabalho, daí, tem dado sempre certo (felizmente) e então, nesse processo todo já partilhamos tantas angústias, incertezas, certezas que, na maior parte dos casos, ficamos amigos e aí é hora de dizer 'Au revoir!'. Mas é assim mesmo, c´est la vie, felizmente o mundo está pequeno e sempre nos encontramos em algum lugar deste planeta, senão aqui, no skype. Eu mesma já mudei tanto, já me despedi tantas vezes, já parti sem despedida...

Voltando a Persépolis, o filme é lindo, engraçado, triste, instrutivo, ou seja, imperdível. O filme que é autobiográfico começa em Teerã, em 1978, quando Marjane tem 8 anos, é uma menina sapeca, curiosíssima, inteligente e que tem a sorte de ter pais modernos e cultos. Era ainda a época do Xá que logo foi substituída pelos aiatolás. Os iranianos ficaram completamente perdidos, passaram da euforia, otimismo com a queda do Xá ao desânimo e terror, foi quando começou para as mulheres, até para uma menina de 10 anos como era agora a Marjane, a obrigação do uso do véu. Dá muita pena ver o povo iraniano entre um crápula e outro e não adianta dizer que todo mundo tem o governo que merece, há alguma coisa muito errada nisso, não merecem não.

Marjane torna-se um problema para os pais porque não tem papas na língua, questiona a professora, encara os filhos dos torturadores que encontra na rua e assim vai, a mãe fica desesperada porque sabe dos riscos desse tipo de atitude naquele contexto, enviam a menina de (se não me engano) 14 anos para Viena, vai sozinha para estudar e viver sua adolescência como pode. Algum tempo depois volta, casa-se, descasa-se e vai para Paris onde torna-se essa pessoa famosa que é hoje. Contei quase tudo, mas vale a pena ver. Na verdade ainda não falei de muita coisa, da avó de Marjane, por exemplo, um personagem hiper importante na história e na vida dela...e é muito engraçada essa avó. Adorei quando Marjane vem desesperada, chorando, contar para ela que está vivendo uma tragédia, o seu casamento está acabado e a avó 'Mas é só isso? Que susto, eu tenho problemas cardíacos...' enfim, a avó mostra para ela que não é assim tão dramático o divórcio depois de um ano de casamento, pior seria ser obrigada e levar um casamento fracassado o resto da vida. Numa parte importante do filme em que Marjane, para se safar dos controladores da moral e bons costumes (verificam se o véu está bem colocado, se as meninas não estão maquiadas e todas essas besteiras) ela , que estava maquiada, chama a atenção deles para um rapaz que estava tranquilo lendo o seu jornal, ela conta, e é verdade, que o rapaz tinha dado uma encarada nela, os policiais levam o rapaz preso. A avó, ao ouvir a história fica muito brava com ela, dizendo que ela não podia ter enviado o rapaz assim para a prisão, que ela sabia o que o avó tinha passado na prisão, e o tio e tanta gente...Marjane diz então que ela não tinha escolha, a avó responde:
"todo mundo tem uma escolha. há sempre uma escolha."

O filme recebeu vários prêmios na Europa, concorreu ao Oscar e perdeu para Ratatouille.

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