jeudi 20 janvier 2011

Premiers mois à Montréal


[Publico aqui o e-mail de uma aluna e, muito mais que isso, uma amiga muito querida, a Fabi. Essas são as percepções dela e de seu companheiro dos primeiros meses da vida de imigrante. Eu gostei muito, é muito coerente, humano, bem escrito e por isso me permito compartilhar. As fotos também são deles.]

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Estou de volta depois de muitos dias, para dizer que estamos bem!!!

Começamos nosso curso de francês em tempo parcial e nesta semana fizemos uma formação: S’adapter au monde du travail québécois - Vivre ensemble au Québec. Sobre isso, falo no próximo email. Bem, por isso está uma correria. Sem falar nas reuniões com os organismos de apoio ao imigrante.

Para não ficar um texto muito longo, (porque longo esse já é), conto as boas novas por partes, em tópicos. Assim, quem não estiver muito interessado, pode pular certas partes. Escrevo isso porque acho que muitas informações serão legais par a a galera da Babel, que está para vir... para outras pessoas... é só por curiosidade!!!

Talvez algumas fotos eu já tenha mandado, nem lembro mais...

Leila, essas sãos as novidades que queria te contar... primeira parte!!! Bjos

NOVAS PERCEPÇÕES E CONCLUSÕES, DEPOIS DE TRÊS MESES

ADAPTAÇÃO E CHOQUE CULTURAL X COMUNIDADE BRASILEIRA = MANTENHA A CABEÇA ABERTA

Antes de verdadeiramente começar, quero frisar que o que escrevo abaixo são minhas opiniões pessoais. Essa é a máxima para todos recém-chegados: cada experiência é única e total ou parcialmente válida!!! Depende de cada um que vive e de cada um que lê ou escuta!!!

De qualquer forma, quanto mais se escuta, mais informações se tem e mais nó na cabeça dá!!! Mas no fim, a balança é positiva!!!

Pode ser bobagem, redundância, óbvio, mas chego à conclusão que para ser um imigrante de sucesso é necessário: paciência, boa-vontade, paciência, muito esforço, paciência, compreensão de nossas diferenças, paciência, humildade, paciência, abertura para assimilar uma nova vida e uma nova cultura, paciência, respeito a todos mesmo quando não somos respeitados, paciência, polidez, paciência e muitas outras coisas que cada um descobre à sua maneira e a seu tempo. Por mais bobagem que pareça, precisamos nos lembrar disso dia-a-dia.

Talvez você me diga: “- Mas isso se aplica a qualquer situação que envolva o bem-conviver em comunidade, não somente com imigrantes!!!” Acredite-me... é mil vezes mais intenso!!!

É importante observar como essa nova sociedade funciona, para adquirir novos limites de boa convivência, posso assim dizer. Mas sem esquecer que viemos para cá como imigrantes profissionais qualificados. Vamos retroceder em nossas carreiras sim, natural e conscientemente, pois somos recém-chegados em um novo mundo e é necessário tempo para nos adaptarmos. Mas não viemos para cá de favor, fomos convidados, passamos por todo um processo de avaliação e conquistamos o direito a uma chance de uma vida diferente. Melhor em alguns quesitos, talvez pior em outros, mas com certeza, diferente. A necessidade e os ganhos devem acontecer dos dois lados. Se não fosse assim, jamais existiria um programa de imigração tão bem estruturado. É difícil e sutil a linha que separa um ponto de vista de outro. Humildade é necessário, sempre. Tanto como é importante trabalhar muito para uma integração gradativa e sobretudo não esquecer e compreender que sempre seremos brasileiros.

Trago isso em pauta porque nós dois (eu e o Tixo) tivemos muitas conversas sobre a adaptação, a integração, as micro-comunidades, a “guetização”e o choque cultural. Percebemos que muitos brasileiros começam a falar em francês quando chegamos perto. E pior... começamos a fazer o mesmo (mas já paramos!!!). Há sempre o pânico quando um brasileiro encontra outro no exterior porque somos vítimas de uma imagem há muito tempo criada e que não condiz com a realidade.

A não ser que brasileiro exista no mundo inteiro, pois tenho visto o esteriótipo brasileiro, dia-a-dia no metrô e nas ruas, em pessoas de vários países africanos, árabes, de outros países da américa-latina, do oriente!!!

Bem, pelo menos parece não condizer com a parte da comunidade brasileira aqui, com quem tivemos contato. Acho que a própria seleção padroniza os brasileiros no Quebec e os que conhecemos (e nunca ouviram falar no termo: “brasuca”) partilham dos mesmos pensamentos, dramas, desejos e anseios que nós.

Além da “cara de paisagem” dos brasileiros que fingem não ser brasileiros, chamou-me a atenção um blog de uma colega de profissão (ok... posso falar porque conheço a “raça” .... hahaha). Tal blog defende como um dever, a imediata integração social com os quebecoises; e se porta como juíza, que já condenou, todos aqueles que não se esforçam ou forçam para que isso aconteça, os tais “brasucas”.

Bem, temos uma amiga que está totalmente inserida na comunidade “brasuca”, adora ser “brasuca”, assim como nós a adoramos; não por ser “brasuca”, mas por ser ela mesma!!!

Então, relax, galera... relax!!!

CONCORDO E TAMBÉM SOU CONTRA QUALQUER TIPO DE “GUETIZAÇÃO”, MAS SOU A FAVOR DA LIBERDADE. Seja o que você quiser ser, desde que respeite a vontade alheia. Seja “brasuca”, “anti-brasuca” ou “morna”como eu, mesmo que os lugares mais quentes do inferno estejam reservados para minha classe, segundo Dante (ok... não é beeem essa a idéia de Dante, mas quase serve!!!).

De que adianta utilizar um discurso re-afirmando o esteriótipo brasileiro, denegrindo a imagem do próprio povo, com apoio de outros que criticam uma característica dita como “brasuca”: o falar mal e se esconder atrás do “não devemos julgar ninguém” e agir da mesma forma?

Integração social com um quebecois é mais difícil do que com um curitibano (curitibanos não se ofendam, mas é fato que no Brasil, vocês são conhecidos como pessoas de característica mais reservada !!!). Quebecoises são fechados a novos contatos e muitos são contra essa política de imigração. E não há como negar... NÓS SOMOS MESMO IMIGRANTES!!!

Isso não quer dizer que seja impossível uma amizade imigrante-quebecois. Apesar de nessa quinta-feira que passou, na formação dada por pessoa do próprio Ministério de Imigração, ser mencionado que quebecoises separam trabalho de amizade e que via de regra, não se faz amigos no trabalho, outra de nossas amigas, fez uma amiga do ambiente de trabalho!!! Teoria é teoria e prática é muito melhor!!

Qualquer integração social em um novo ambiente requer tempo, análise e disposição dos dois lados, por isso não é fácil mesmo, principalmente quando as línguas e culturas maternas são diferentes!!!

Por isso, fora a “guetização”, não fique frustado, mas depois de três meses (em Montreal, porque em outras cidades pode ser diferente), vejo que é mais usual os novos imigrantes se integrarem multi-culturalmente com outros imigrantes e não com quebecoises. É com eles o contato inicial e é mais intenso em certos tipos de trabalho, nos cegeps, na rotina do dia-a-dia, na francização então, nem se fale!!! Mais um motivo para a diversificação: nessa semana, a formação da qual participamos tinha um grupo de imigrantes francófonos; nós éramos os únicos que não éramos; foi a primeira imersão total com todos falando fluentemente o francês, com vários sotaques diferentes; até então, o contato tinha sido com imigrantes não francófonos; uma nova experiência!!! Acho que Montreal tem tanto imigrante que nem sei se os quebecoises não fugiram para as outras cidades menores!!

Bem, depois de toda essa “falação”, chego na conclusão e no ponto-chave: DEIXEM A “CABEÇA ABERTA” PARA NOVAS EXPERIÊNCIAS.

Isso não quer dizer que você deve fazer amizade com todo mundo, tipo profissional “marketeiro” pessoal; e sim, evitar criar barreiras para novos contatos e novas oportunidades. A própria experiência pessoal vai dirigir para o que é melhor para cada um. Às vezes você encontra uma pessoa muito legal que tem a ver com você e começa uma amizade muito legal. E outras vezes você encontra uma pessoa muito legal, que quer claramente aumentar a rede de contato, mas que não tem o mesmo perfil que você, então está na “cara” que a amizade não vai progredir. Sem problemas. Faz parte do processo!!!

Tudo isso foi uma introdução para depois contar a vocês algumas experiências pontuais pelas quais passamos e ouvimos; e que irão demonstrar que não existe receita certa, mas uma mistura de sensações, vivências, frustrações, risadas... um pouco (ou muito) de tudo!!!


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